Felipe Sobrinho, gerente de ESG de Gol Linhas Aéreas
“Todo o setor da aviação entende que a adoção de ações alinhadas às melhores práticas ESG é imprescindível para o sucesso do negócio”, parte assim a conversa Felipe Sobrinho, gerente de governança ambiental, social e corporativa (ESG, por sua sigla em inglês) de Gol Linhas Aéreas quando é perguntado sobre as motivações da companhia em engajar em assuntos de sustentabilidade. “Na GOL não é diferente”, agrega.
Nos últimos anos, a indústria da aviação tem sido foco das atenções da agenda global para o meio ambiente. Segundo a organização Stay Grounded, a aviação é o responsável do 3,5% do aquecimento global até a data porque “além do CO2, os aviões também geram trilhas, formação de nuvens induzidas e derivados de óxidos de nitrogênio que elevam o impacto climático total a três vezes o do CO2”.
Sobrinho admite esta atenção e assegura que a companhia tem como meta estabelecer uma operação 100% comprometida com o meio ambiente, inclusive sendo a única linha aérea brasileira a obter o certificado estádio 2 do programa de avaliação ambiental da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, por sua sigla em inglês).
Por outro lado, Sobrinho disse que os anos desafiadores da pandemia obrigaram a companhia a reinventar e fazer adaptações para garantir a continuidade do transporte aéreo no Brasil e preservar as posições de trabalho.
Nesse período, a Gol avançou em parcerias com projetos de desenvolvimento dos combustíveis sustentáveis de aviação no Brasil, como parte do seu compromisso firmado para 2050 de ter toda a sua operação com carbono neutro.
Quais são os principais pilares de ESG da Gol?
A GOL se apoia em 4 pilares com vista à neutralização total da emissão de carbono até 2050. Em primeiro lugar, buscamos utilizar aeronaves tecnologicamente mais avançadas que propiciam menor consumo e emissão de CO2. No nosso caso, utilizamos os Boeing 737 MAX, que consomem 15% menos combustível.
Logo fazemos melhorias operacionais contínuas, otimizando o espaço aéreo e em solo, utilizamos combustível sustentável (um combustível líquido atualmente utilizado na aviação comercial que reduz as emissões de CO2 em até 80%, segundo a IATA).
Por último, criamos medidas baseadas no mercado. Por exemplo, temos medidas de compensação voluntária de carbono pelos clientes. Trata-se do que chamamos de “responsabilidade compartilhada”: enquanto a GOL busca soluções definitivas para o impacto que a aviação comercial gera, a compensação de carbono consegue mitigar os efeitos prejudiciais das operações que não podem parar.
No pilar social, a GOL preza pela diversidade e inclusão desde a concepção do seu negócio e o primeiro dia de sua operação. Chegamos ao mercado com o objetivo de transformar e popularizar a aviação brasileira e definimos como propósito Ser a Primeira para Todos: colaboradores, clientes e investidores.
Nos últimos anos, temos refletido ainda mais sobre o nosso papel como empresa diante de questões ligadas à diversidade, assumindo um papel de aprendizes esforçados, ao mesmo tempo que colocamos esses aprendizados em prática de forma consistente e relevante
Tradicionalmente, os investidores preferem ingressos rápidos. Como fazem para convencer aos seus stockholders, como também aos stakeholders, de que o caminho é o ESG?
Este é um caminho sem volta e cada vez mais todas as partes envolvidas na aviação estão conscientes de que não há plano B. Ações em favor do meio ambiente, da sociedade e da boa governança são fundamentais para o planeta e para os negócios. Temos mostrado a todos os nossos stakeholders e acionistas os nossos avanços nessas ações.
A GOL é hoje referência em aviação sustentável no mercado regional e já vem trabalhando há mais de uma década em inúmeras questões relativas à sustentabilidade nos âmbitos ESG. Os investimentos da companhia em projetos de desenvolvimento dos combustíveis sustentáveis de aviação no Brasil, por exemplo, já são uma realidade.
Mas essa atitude e esse objetivo ESG envolvem muitas outras pesquisas, ações, campanhas, conscientização pública, capacitação de profissionais e, sobretudo, a legitimação de uma cultura organizacional que exprima um jeito de ser e fazer sustentável.
Qual foi o papel dos líderes da Gol na implementação de projetos de ESG? Por exemplo, existe um comitê do diretório específico para a sustentabilidade ou uma governança corporativa para as definições e ações de ESG?
Sim. A alta liderança da GOL está engajada em tudo que envolve os projetos ESG da companhia. Temos grupos de afinidade que lideram ações internas e temos avançado no desenvolvimento de um maior letramento dos nossos colaboradores.
Com o apoio desses grupos de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI), avançamos muito na abordagem de assuntos diretamente relacionados ao combate ao preconceito, ao papel da mulher nas organizações, além de questões de ética e compliance.
Para dar os primeiros passos dessa nova jornada, lançamos as rodas de prosa e outros espaços de diálogo no Workplace, plataforma de comunicação interna da GOL. Além disso, o Comitê de Diversidade formado pelos executivos da companhia deu início aos grupos de afinidade étnico-racial, LGBTQIA+, mulheres, pessoas com deficiência e gerações, além de meio ambiente e sustentabilidade.
Cada grupo conta com um especialista e representante do tema e com lideranças da organização que atuam como sponsors, com metas a serem cumpridas ao longo do ano. Sabemos que para melhorar é importante olhar, antes de tudo, para a nossa própria estrutura. E todos estes grupos nos ajudam a tomar o melhor caminho.
Quais são os aspectos do critério de ESG que você acha que a companhia ainda tem dificuldades para cumprir?
A GOL entende que há desafios em todos os pilares ESG, mas acredita que todas suas metas a médio e longo prazo poderão ser cumpridas a partir da ação dos nossos times, que estão muito engajados nesta tarefa.